O PRIMEIRO RAIO, TOCOU-ME...

 

Acabei de ler o primeiro capítulo de Lua de Papel, da escritora e editora Lunna Guedes. A primeira sensação que experimentei ao correr meus olhos pelo texto, foi saudade. Saudade de coisas pequenas, distantes, das quais em minha infância eu jurava que jamais lembraria quando crescesse. 

Um cheiro de mato, de terra e de fotografia em preto-e-branco. Um lugar habitado por “homens que são “pequenas ilhas” e por mulheres que são “pequenas cidades”. Quais destas ilhas serão habitadas? E quais destas cidades serão fantasmas? Esta é apenas uma das muitas questões que este primeiro momento em Lua de Papel me despertou. 

As palavras estão ali como se tivessem sido coladas, uma a uma, em um trabalho artesanal demorado e repleto de reflexão, de vozes ensimesmadas. Há silêncios perturbadores, que fazem gemer as poucas ruas e escassas esquinas. 

Estranhamente, apesar das pessoas e casas se revelarem imutáveis, imperturbáveis, tudo se descobre transitório, em uma narrativa sussurrada e repleta de delicadas efemeridades. 

Trata-se de um bom começo. As primeiras frases nos envolvem como névoa e, de repente, nos perdemos no lirismo desta obra literária que debuta em nossa expectativa de ávidos leitores, como um generoso pedaço de pão ofertado ao faminto. 

E, com os sentidos embaçados, nos guiamos pelo brilho deste origami lunar, que se desenha à medida que se dobra.

Abaixo, segue o link em que o 1º Capítulo de Lua de Papel se encontra disponibilizado: 

http://retratosdaalma.com.br/2014/05/01/lua-de-papel-primeiro-captulo-por-lunna-guedes/ 

 

08/05/2014, quinta-feira

 

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